Cidades

Hospital Alberto Torres inicia campanha 'Doe mais Vida'

Jardim do Doador já recebeu mais de duzentas mudas. Foto: Eduarda Hillebrandt

Referência na abordagem humanizada para a captação de órgãos, o Hospital Estadual Alberto Torres (HEAT), em São Gonçalo, iniciou nesta sexta-feira (20) uma campanha para mobilizar famílias sobre a importância da doação.

No espaço de convivência da unidade, a Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT), uma equipe multiprofissional especializada em captação de órgãos, preparou uma exposição fotográfica sobre um projeto pioneiro do hospital que se tornou modelo para a área: o Jardim do Doador.

As imagens da exposição 'Plante Essa Ideia. Transplante Vida' foram captadas pela fotógrafa Tayrine Miranda no Jardim, que fica aos fundos do hospital. Famílias que autorizam a doação após casos de morte cerebral são convidadas a plantar um jasmim no espaço, que já recebeu mais de duzentas de mudas.

"O espaço foi preparado e ganhou infraestrutura e nele são plantados jasmins que simbolizam a vida de cada paciente. Todos os dias vários familiares visitaram, rezam, oram e conversam com a bela árvore. Para eles a planta tem um valor sentimental e emocional enorme" afirmou o diretor do HEAT, Rafael Riodades.

O jardim foi criado em 2014, por iniciativa do psicólogo Luiz Antônio da Silva, da comissão. A ideia foi acolhida pela unidade, que incorporou o jardim como um espaço de memória e convivência.

"O jardim representa a coragem da família que escolhe pela doação de órgãos. A doação traz modificações substanciais pra nossa vivência frente a uma experiência com a morte", afirmou o psicólogo.

Além da exposição, o hospital fará na próxima quarta-feira (25) uma sessão solene em homenagem a familiares e profissionais da CIHDOTT.

Aceitação aumenta

Equipe do CIDHDOTT atua orientando familiares sobre a importância da doação. Foto: Eduarda Hillebrandt

Nos últimos sete meses, o HEAT captou 75 órgãos e a taxa de autorização familiar chegou a 74,46%. Para o diretor da unidade, a presença de uma comissão especializada torna o processo de doação mais humanizado.

"A maioria dos familiares não conhece o processo de doação de órgãos. Mas após conversarem com a equipe de profissionais do CIHDOTT, somado ao atendimento recebido na unidade, eles aceitam e autorizam a doação" explica o diretor do Heat, Rafael Riodades.

O trabalho da comissão, liderada pelo médico Sandro Montezano, inicia após estarem esgotados os protocolos de tentativas de dar sobrevida aos pacientes com morte cerebral. Após a autorização da família, o Programa Estadual de Transplantes (PET) realiza o transporte do órgão.

O trabalho da comissão sensibilizou os pais de Gabriel Lannes, 23 anos, que faleceu após um acidente de moto na BR-101. Os pais de Gabriel, Salomão Gonçalves Conceição e Maria Luiza Guimarães aceitaram realizar o plantio no jardim para simbolizar a doação.

"Eu era contra a doação de órgãos, mas hoje eu vi que o trabalho que é feito aqui neste hospital é sério. Estou em paz, mais tranquilo, mais confortado. Meu filho era meus braços e minhas pernas. Nós construímos a nossa casa juntos. Aquilo que eu não podia fazer ele assumiu. Mas ele foi chamado e só vamos ficar com as boas lembranças. E quero aqui aproveitar para agradecer a toda equipe do hospital. Meu filho recebeu todo o atendimento necessário aqui com muita dedicação e carinho" garantiu Salomão.

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